Aqui, tatuo-me.

visível e invisível.
e ponto

(s)




segunda-feira, março 26, 2007

Frases de mãe

-Sai daí, guri. Tu vai te machucar!

-Eu bem que avisei. Agora não adianta chorar.

-Onde será que anda o Júnior? Quando ele some é por que tá aprontando alguma.

-Esse silêncio do Júnior me preocupa.

-Vem pra dentro guri. Teu pai vai chegar e tu não tomou banho.

-Tá. Só mais quinze minutos, depois direto pro chuveiro.

-Tu não vai sair desse banheiro, guri?

-Desliga esse chuveiro, Júnior! No fim do mês vai ser um sufoco pra pagar a luz.

-Come a salada pra ficar forte e saudável...

-Quem será que pegou as moedas que eu deixei no balcão?

-Levanta Júnior, senão tu vai te atrasar pro colégio!

-Não adianta chorar que eu não vou comprar esse carrinho.

-Pode chorar à vontade, quem vai passar vergonha é tu mesmo.

-E não fica pedindo dinheiro pro teu avô...

-Se te perguntarem se tu quer comer de novo, agradece, sorri e diz que tá satisfeito.

-O que que a gente diz quando ganha alguma coisa?

-Nem parece que eu te dou educação...

-Baixa as calças e não chora, a injeção não vai doer nada, nada.

-Não morde o lápis que tu morre, guri!

-E é só uma fatia de mortadela no café, viu!

-Vai no armazém e nada de comprar chiclete com o troco. Gruda as tripas e tu morre.

-Desce da árvore que tu não é Tarzan.

-Não diz que eu não avisei. E não mexe no gesso do braço, senão o osso fica torto.

-Precisava lambuzar a camisa nova, precisava?

-Se tu puxar o cabelo da tua irmã mais uma vez eu vou puxar uma coisa tua e tu não vai esquecer nunca mais.

-Júnior, tua irmã não é boneca pra tu encher os olhos dela de talco!

-Se tu fizer xixi na cama de novo, apanha.

-Drácula não existe, mas lobisomem tem um que mora aqui do lado. Se tu fizer arte eu chamo ele.

-Escova os dentes, senão as formigas vêm morar na tua boca.

-Se tu responder pra mim eu ligo e chamo o teu pai.

-Hermes vem aqui e faz o Júnior calar a boca.

-Ó, teu pai tá chegando...

-Ó, teu pai tirou a cinta...

-Esse guri tá impossível hoje!

-Larga do meu vestido, Júnior. Ela não é um monstro, tá usando gesso por que quebrou a perna.

-Júnior, se tu deixar essas cacarias espalhadas pela sala eu jogo tudo fora.

-Hoje vai ter visita. Te comporta, por favor!

-Tá vendo esse chinelo? Apronta e tu vai ver pra que que ele serve.

-Não puxa o rabo do gato, Júnior!

-Bem feito! Eu avisei pra não puxar o rabo do gato, eu avisei.

-Tu não vai por que tu é muito arteiro.

-Eu já te disse pra não escrever nas paredes!

-O que é que tu tava fazendo pelado com a filha da vizinha, hein?

-Não mete a mão no doce que tá quente.

-Fica em casa e cuida de tudo, mas não mexe nos livros.

-Quem foi que mexeu nas revistas Playboy do mano?

-Senta aí pra ver a Xuxa que eu tenho mais o que fazer.

-Júnior, traz o ramo bento, cobre os espelhos e fecha as tesouras que vai cair uma tempestade daquelas.

-E eu não quero precisar te chamar duas vezes. Se eu disse volta às cinco, é às cinco.

-Não mete o dedo no bolo que ainda nem cantamos o Parabéns... e o aniversário não é teu, guri!

-Esse guri me faz passar cada vergonha...

-Hermes, vem dar um jeito nesse guri sem educação.

-Tira o dedo do nariz, relaxado!

-O Júnior é um doce de menino, tirou dez em tudo!



*no próximo post, publico as respostas do Júnior.

Sacanagem

Há tempos eu estava com vontade de postar uma sacanagem. Então, aí vai... Kamasutra nos leitores!


sexta-feira, março 23, 2007

Frases de Nelson Rodrigues

O homem começa a morrer na sua primeira experiência sexual.


A morte é anterior a si mesma.


Toda unanimidade é burra. Quem pensa com a unanimidade não precisa pensar.


Todo desejo é vil.


A cama é um móvel metafísico.


Tarado é toda pessoa normal pega em flagrante.


Só há uma tosse admissível: a nossa.


Eu me nego a acreditar que um político, mesmo o mais doce político, tenha senso moral.


Morder é tara? Tara é não morder.


Todo tímido é candidato a um crime sexual.


O amigo é um momento de eternidade.


O casamento não é culpado de nada. Nós é que somos culpados de tudo.


A dúvida é autora das insônias mais cruéis. Ao passo que, inversamente, uma boa e sólida certeza vale como um barbitúrico irresistível.


Toda coerência é, no mínimo, suspeita.


A maioria das pessoas imagina que o importante, no diálogo, é a palavra. Engano, e repito: - o importante é a pausa. É na pausa que duas pessoas se entendem e entram em comunhão.


Toda a história humana ensina que só os profetas enxergam o óbvio.


Amar é ser fiel a quem nos trai.


No Brasil, quem não é canalha na véspera é canalha no dia seguinte.


Se eu tivesse que dar um conselho, diria aos mais jovens: - não façam literatice. O brasileiro é fascinado pelo chocalho da palavra.


Quero crer que certas épocas são doentes mentais. Por exemplo: - a nossa.

Desconfio muito dos veementes. Via de regra, o sujeito que esbraveja está a um milímetro do erro e da obtusidade.

quarta-feira, março 21, 2007

Tatuagem de cinema

Ontem fui assistir Maria Antonieta, último filme de Sofia Coppola integrante da trilogia sobre a juventude. No papel título, Kirsten Dunst. O filme narra a história da austríaca que se tornou a mais polêmica rainha da França, obrigada a casar-se por com Luís Augusto, o Delfim que subiu ao poder após a morte de Luís XV. A Maria Antonieta, celebrizada pela lenda "Se não tem pão, comam brioches", é uma adolescente de 14 anos, que por um acordo político entre as duas nações se vê obrigada a desfrutar da opulência da corte francesa e de um marido ausente, mais dedicado em fabricar chaves como hobby e caçar, do que cumprir com seu papel de esposo. A França vê na vienense uma mulher seca, incapaz de dar à nação um herdeiro legítimo.

A lente de Sofia nos oferece uma visão completamente diferente e humanizada da personagem. No lugar da vilã absolutista, uma adolescente que, aos catorze anos, é empurrada para um casamento arranjado com um príncipe estrangeiro, sequestrada de sua adolescência, obrigada a cumprir com um rigoroso código de posturas, que considera ridículo.

Inadaptada ao ambiente de intrigas e fofocas e entediada com as rígidas normas cerimoniais, Maria Antonieta faz do desbunde sua marca registrada. Roupas, festas, caprichos, enfim, o sonho da maioria das adolescentes tornado realidade numa escala descomunal. Vivendo numa redoma, sem consciência de que fora das paredes do palácio uma revolução está para explodir. O filme ostensivamente centra seu olhar na nobreza. O povo nunca é mostrado, o máximo que vemos são suas revoltosas foices clamando pelo fim da monarquia e, mesmo assim, apenas como um contraponto para a belíssima tomada em que a protagonista se debruça no balcão como se estivesse colocando o pescoço na guilhotina.

Mas o recurso de ambientar a história no Palácio de Versalhes, tal e qual no século XVIII, com todos os exageros da época mesclados a uma trilha sonora pop, não torna o filme atual como pretendia a diretora. Trata-se do óbvio servindo à atualização do fato. A tentativa de estabelecer uma conexão de comportamento da jovem Antonieta com as jovens do século vinte sequer é arranhada pelo filme. Fica mais no discurso da direção em entrevistas.

Maria Antonieta chegou à França aos quatorze anos e morreu aos trinta e sete, seu esposo, Luís XVI levou sete longos anos para consumar o casamento. Nesse sentido os cortes do filme são confusos, sem indicações claras sobre o tempo em que os fatos transcorrem. O destaque fica para algumas tomadas que conseguem exibir a patética vida da França do século dezoito e o lirismo das cenas realizadas quando Maria Antonieta retira-se de Versalhes para seu Petit Trianon, a fim de criar sua filha longe dos bajuladores e passar horas no campo lendo Rosseau.

Choque: o par de All Star azul jogado em uma cena em que Maria Anonieta faz uma prova de sapatos. Se foi descuido, nota zero. Se foi proposital da direção para tentar estabelecer uma linha de tempo, nota zero também.

Com quarenta milhões de dólares, sendo que trezendos e oitenta e cinco mil foram para locar o Palácio de Versalhes, um filme que poderia ser excelente, ficou na mediocridade, exibindo-se em trajes opulentos e frivolidades, tal qual a época que retrata.

Sofia não merece a guilhotina por ter realizado um filme aquém de As Virgens Suicidas, mas também não merece a coroa.

Falando em guilhotina, todo mundo espera incansavelmente pela cena em que a rainha perde literalmente a cabeça. Desculpe frustrá-los, isso não acontece. E nisso estou totalmente de acordo com o roteiro e a direção. Não há necessidade de mostrar o que podemos imaginar. Afinal, imaginar crueldades é bem mais fácil, já que estamos cercados delas.

terça-feira, março 20, 2007

Obras que eu gostaria de ter escrito

Meio pretensioso, talvez, desejar ter escrito estas obras, mas o único intuito é referir tais obras e expressar parte de meu gosto pessoal.

Crônica de uma morte anunciada
de Gabriel Garcia Márquez

Como se moesse ferroe Se choverem pássaros
de Altair Martins

O castelo e O processo
de Franz Kafka

Uma casa no fim do mundo
de Michael Cunningham

O livro dos prazeres
de Clarice Linspector

O Visconde partido ao meio
de Ítalo Calvino

Pedro e Lua (infanto)
de Odilon Moraes

Na corda bamba (infanto)
de Lygia Bojunga Nunes

Memórias inventadas
de Manoel de Barros

Ovelhas Negras
de Caio Fernando Abreu

Infância
de Graciliano Ramos

terça-feira, março 06, 2007

sexta-feira, março 02, 2007

Fragmentos (repost)

minha poesia

não morre à míngua



é o todo

de mim à parte


eterno

meu lado

interno



de tudo

parte


*repost

Vida de solteiro*

painting by Banksy





geladeira

fria

deserta


prateleira incerta


repolho?

alcachofra?

tomate?


gaveta suicida

carne apodrecida


costela?

peito?

filé?



geladeira fechada



cá fora, 40 graus

coração

e toda nossa transpiração