Aqui, tatuo-me.

visível e invisível.
e ponto

(s)




quinta-feira, dezembro 27, 2007

Nos bastidores, nosso mar desejável palco



Anna Cláudia Ramos
Nos bastidores do imaginário - criação e literatura infantil e juvenil
DCL, 2007
224pp.

Estou lendo muito. Aproveitando o tempo na entre-safra de eventos de literatura para colocar em dia tantas e variadas publicações que aguardam na fila. E que imenso prazer poder ficar horas perdido, ou encontrado, em múltiplas leituras.

Acabei de ler Nos bastidores do imaginário - criação e Literatura Infantil e Juvenil,de Anna Cláudia Ramos, publicação da Editora DCL-2007.

O livro é resultado da dissertação de mestrado em Ciência da Literatura/Poética, defendida em 2005, na Universidade Federal do Rio de Janeiro, pela autora e ilustradora citada.

Para falar sobre criatividade a autora entra em cena dizendo "escolhi seguir o caminho que um dia Sigmund Freud abriu ao escrever sobre os escritores criativos e o resgate do prazer que tinham quando criança ao brincar".

No decorrer do trabalho, e como suporte de sua defesa, Anna Cláudia faz um recorte em uma autora específica, Ana Maria Machado (conhecida de muitos por ter escrito Bisa Bia, Bisa Bel) ou por ter sido precursora em publicar histórias para crianças na revista Recreio.

"O lixo jogado no mar é como a palavra fora do lugar numa frase" diz Anna no capítulo 4. Nos bastidores das narrativas de Ana Maria Machado, estabelecendo uma relação com Ítalo Calvino e seu livro Seis propostas para o próximo milênio. Para Anna, a LIJ de boa qualidade deve conter as seis: Leveza, Rapidez, Exatidão, Visibilidade, Multiplicidade e Consistência, tal como o mar que naturalmente as contém, embora de vez em quando um saco plástico apareça boiando nas ondas harmoniosas e transparentes, ou seja, a peste da linguagem que Ítalo Calvino se referiu e que desarmoniza o mar e seus mistérios.

"E, se a literatura é o lugar da resistência a partir da forma,a forma precisa ser bela, como o mar."

Depois de fazer ampla análise de Bisa bia, Bisa Bel, de Raul da ferrugem azul e O canto da praça, títulos de Ana Maria Machado, Ana Cláudia sai de cena refletindo e fazendo refletir "...penso que o jogo com o imaginário existirá para sempre em cada um que não quiser deixar sua criança morrer. Em quem não souber agarrar os sonhos e transformá-los em arte e vida. Uma, duas, dez vezes vida."

Recomendo e troco figurinhas nos comentários!