Aqui, tatuo-me.

visível e invisível.
e ponto

(s)




quinta-feira, dezembro 21, 2006

A superhiperpessoaquerida

Sempre desconfio de pessoas queridas demais, educadas demais, prestativas demais, risonhas demais, populares demais. Sempre desconfo de gente que adentra ambientes tentando ser a mais simpática possível, auxiliando quem a acompanha, desde pegar o refri, puxar a cadeira, explicar o cardápio, o procedimento para servir, e explicar pro dono do lugar que devolve a garrafa assim que consumir o líquido, que ele não precisa se preocupar, que...

E faz tudo isso num tom de voz alto, com a boca escancarada em sorrisos montados, para que todos os presentes a ouçam e saibam "o quão boa ela é". Gesticula muito, se desloca lépida e faceira pelo ambiente e, ao falar,  sempre usa estrategicamente sua visão periférica para certificar-se que alguém, de algum ponto, a observa. Afinal, showzinho sem platéia, não tem graça.

No fundo, creio que - e essa é uma teoria sem nenhum fundamento teórico - este tipo de pessoa alimenta uma profunda necessidade de afeto, autoafirmação. Faz, para que façam por ela. O "toma lá dá cá" de cada dia nos dai hoje. E a cobrança tarda mas não falha. Podem apostar!

Posso estar enganado, mas na dúvida continuarei desconfiando desse tipo de pessoa. Desculpem-me, dentes que se mostram a todo instante, um dia mordem. E dói.

Moral da história:

mais vale muitas pessoas reservadas na mão do que uma cacarejando

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