Aqui, tatuo-me.

visível e invisível.
e ponto

(s)




terça-feira, fevereiro 27, 2007

O que é, afinal

E o que é a poesia

senão o múltiplo inexplicável


a impressão de imagens

sensação de estalos

nas lacunas do incompreensível




E o que é a poesia


senão a ânsia

de estar além

do onde estamos




O que é a poesia


senão a tentativa desesperada

anfitriã ao vão

entre real e sonho

onde todas as coisas

deveriam estar

para serem

domingo, fevereiro 18, 2007

Abolição

Se a casa me revela

limpo os cômodos



os concretos vizinhos

sufocam-me

a me espiar por suas janelas abertas


as casas laterais

sedentas de vidas alheias

de vidas cheias

de vida

cansam-me


vasculhando

liberdade prisioneira



fecho a cortina

música!



no espaço reduzido

que resta

invento minhas personagens




desacorrentando-me

no papel

quinta-feira, fevereiro 15, 2007

Na lida

desconheço a autoria da imagem





Ensaboei a inveja

Centrifuguei meu desespero



roupa suja

roupa velha

roupa nova



Enxaguei meu cansaço



água fétida

água velha

água suja




No presente


passado


a limpo

sexta-feira, fevereiro 09, 2007

Curtas em Casa

Inveja
Os azulejos decorados olham de revés o quadro na parede: ele é único.

No banheiro
O bidé é estrangeiro. Mas sorri quando alguém pergunta: onde fica o toillete?

Contradição
A perna esquerda não entende por que só a outra é direita.

Descanso
As cadeiras impacientes queriam por que queriam cruzar as pernas.

Tristeza
A cebola chorava copiosamente: o alho fora esmagado pelo ensupidor.

Suicídio
A sala banhada em sangue. Ele cortara os pulsos...da camisa social.