Aqui, tatuo-me.

visível e invisível.
e ponto

(s)




quinta-feira, julho 27, 2006

Rascunho

Amor prolixo

Amor

pro

lixo

quinta-feira, julho 20, 2006

Amigo






Compreendeu-me quando sumi

Nunca quis fosse eu miragem


Ouviu-me quando gritei

Nunca quis fosse eu agressor


Negou-me quando eu pedi

Nunca quis fosse eu mendigo


Ignorou-me quando eu chorei

Nunca quis platéia à minha dor


Mas quando eu me perdi

sem que eu nada dissesse

correu ao meu encontro

e com seu dedo

desenhou um mapa

desde meu coração

ao seu

dizendo-me:

Calma! Vem por aqui!

Sebastião




Quando entramos na mata

perguntou-me

o que era aquilo em meu corpo


acostumado com a dor

nem percebera eu

as flechas encravadas



E então


pediu-me que ouvisse os pássaros

e sem dor

uma a uma

começou a retirá-las

quinta-feira, julho 13, 2006

Pomar

A mão da fambroesa

lambuza o pé de maracujá

que pisca pro abacateiro

enroscado na videira


aflora o pessegueiro

espremido na amoreira

que seduz ao moranguinho

à sombra da bergamoteira



descascam-se as laranjas

enfiadas no mamoeiro

de galho dado com a jabuticabeira

inclinada sobre o coqueiro



O butiazeiro afaga a ameixeira

roçando no cajueiro

embaraça as melancias

na raiz da goiabeira



as pitangas enrubescem

descobrindo a tamareira

tocando de leve os tamarindos

entrelaçados com a romãzeira



Acerola e Ananás

se escondem atrás, ali

encobertas pelas bananeiras

emaranham-se no açaí



Kiwi flerta a mangueira

esfregando-se em graviolas

e papaya o meloeiro

acasalado na cerejeira



geléia d'água na boca

brota na tarde a delícia

desta orgia naturalista

escassa e pouca

tão pouca

Bergamotas Paraíso

descascaram-se

expuseram-se gomos

exalaram-se

misturaram-se sementes

lambuzaram-se

espremeram-se sucos

devoraram-se

revelaram-se doces


à sombra da copa que lhes expulsara

terça-feira, julho 04, 2006

feito girassóis

descrevemos a rota do dia

de um lado ao outro

olhando na mesma direção

em par